O uso de coroas de flores para homenagear a vida é antiquíssimo, remetendo a cerimônias da cultura celta e aos vencedores de jogos e guerras na Grécia Antiga. Já a popularização do arranjo em eventos fúnebres é mais recente, ainda que venha de algumas centenas de anos.
Nos séculos passados, a tradição era que os velórios fossem realizados na residência de algum familiar do falecido. Para lá se dirigiam todos os amigos, colegas e demais familiares. A etiqueta envolvia a entrega de flores e cartas reconfortantes que, muitas vezes, diante das emoções do momento, acabavam não sendo lidas.
Com o surgimento de locais destinados à realização dos velórios, pessoas que não podiam comparecer ao evento passaram a ser representadas pelas coroas. A faixa, então, entrou em cena no lugar das cartas, com uma mensagem que se destina ao falecido.
No Brasil, o formato mais comum é o bouquet, um arranjo completamente preenchido, que pode ser redondo ou oval. As versões para a popularização desse modelo também variam. Uma delas indica referência ao infinito – daí um círculo, sem começo, meio ou fim. Nesse raciocínio, a memória de quem se foi estará sempre viva para os que ficaram.
Nos Estados Unidos e na Europa, a preferência é pelo formato guirlanda, cujo centro é vazado. As coroas de flores, no entanto, podem ser personalizadas segundo a preferência de quem as encomenda. Ideias inusitadas, como uma guitarra toda feita de flores, por exemplo, podem representar a personalidade do homenageado.
preço de uma coroa de flores varia, segundo tamanho, modelo e flores escolhidas para sua composição, entre R$ 350 e R$ 2.500. Versões exclusivas, para pessoas famosas e/ou públicas, por exemplo, podem ser mais caras.
O valor investido na peça também está relacionado a questões culturais, de poder aquisitivo e disponibilidade. No Brasil, São Paulo concentra os pedidos, com 40% do total. A maioria restante é dividida entre os outros estados das regiões Sudeste e Sul. A exceção fica por conta de Recife – o estado de Pernambuco é líder na produção de flores tropicais.
Cada flor que compõe a coroa traz uma mensagem. Algumas das mais comuns são: Crisântemo, uma representação de simplicidade e vida eterna; Rosa, com significados que variam segundo a cor – brancas, para respeito e paz, e amarelas, para saudade, por exemplo; Gérbera, que remete ao amor e à beleza.
Certas espécies são comumente associadas a determinados perfis e idades. É o caso da Margarida, para crianças e jovens, e do Antúrio, frequente em coroas para homens maduros.
Família, parceria e religião estão entre os temas das faixas das coroas. Os textos podem ser sucintos – “Com amor, de toda a sua família”, “Descanse em paz”, “Sinceros sentimentos” – ou mais elaborados – “O amor não conhece a barreira da separação, te amaremos sempre” e “Disse Jesus: ‘Aquele que crê em mim, ainda que morto, viverá’”, entre outros.
As empresas que fornecem coroas de flores contam com uma lista de frases à disposição do cliente, mas ele tem liberdade para enviar um texto personalizado, se for de sua preferência.
Vale lembrar que a escolha da coroa também envolve empatia. Por exemplo: para velórios humildes, mesmo que o convidado tenha condições financeiras, o recomendado é que a homenagem esteja mais de acordo com o poder aquisitivo da família do falecido, para não criar embaraço; o oposto vale para velórios suntuosos e homenagens empresariais – coroas baratas podem ficar abaixo do padrão e passar mensagens equivocadas. Resumidamente, a escolha da coroa adequada está muito mais ligada a tato e respeito do que ao custo.
Fontes:
Ecology Global Network
IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)
Revista Veja, julho de 2019, 12h46- Atualizado em 2 ago 2019, 11h25, visto em: 16 de novembro de 2019.
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